Durante o Carnaval sabemos que boa parte do Brasil pára, viaja, descansa
ou cai mesmo na folia. Mas para clubes, escolas de samba ou
bloquinhos de rua o Carnaval significa trabalho, muito planejamento,
organização e dedicação.
Já gostei mais do Carnaval, mas não deixo de admirar todo processo
artístico que ele contém, sobretudo a arte exposta através das escolas de samba
e de alguns blocos carnavalescos (com destaque aos nordestinos).
Existe um batalhão de trabalhadores diretos empregados pelo
Carnaval, ou mesmo que dele fazem uso indireto. Artistas, costureiras, músicos
ou artesãos, muitos na informalidade. Segundo o Sebrae-RJ, 70% dos
trabalhadores das 13 escolas de samba do Grupo Especial do carnaval carioca são
informais. Este dado impulsionou a Instituição a criar uma cartilha e a
orientar estes trabalhadores sobre a possibilidade de formalização como
Empreendedor Individual.
É evidente o impacto econômico que o negócio Carnaval traz a economia
brasileira, basta ver o movimento do setor de turismo e hotelaria, o comércio
de alimentos e bebidas e o segmento de confecção e vestuário, dentre outros. A
formalização de trabalhadores envolvidos na cadeia produtiva e criativa do
Carnaval é essencial, mesmo porque todo este ciclo é, em boa parte,
impulsionado pela injeção de dinheiro público: uma espécie de
"investimento" no Carnaval onde o retorno é obtido com o aquecimento
e formalização desta economia, com efeitos positivos sobre
a arrecadação.
Mas igualmente importante é o desenvolvimento profissional destes
trabalhadores. Além de dar sustentabilidade a esta cadeia produtiva, a
qualificação destes profissionais faz com que se desenvolvam e multipliquem
todo conhecimento, suas habilidades, atitudes e valores, disponibilizando-os "para
fora do barracão" e para o resto do ano. O conhecido Mestre
Adamastor, da Acadêmicos do Tucuruvi (escola de samba do Grupo Especial de São
Paulo) percebeu que o Carnaval pode levar para as empresas, através de
palestras e workshops, lições sobre a organização, o entrosamento e a
paixão que dão vida à bateria de uma escola de samba. Mestre
Adamastor viu outras possibilidades de trabalho e geração de renda e, além
disso, enxergou no mundo corporativo espaço para levar a criatividade do
Carnaval.
Quantas bordadeiras,
costureiras, músicos, coreógrafos, artesãos, designers, projetistas poderiam
ter seu trabalho e sua renda mantida ao longo do ano, tornando-se
independentes da riqueza gerada apenas no Carnaval? Ao longo do ano as
cidades têm promovido a oferta de trabalho baseado na criatividade ou na
expressão artística, aumentando a força que esta economia pode gerar, especialmente
combatendo o desemprego e a informalidade cada vez mais presente? Quanta gente
que, depois da folia, poderia utilizar seu trabalho criativo para alimentar a
cultura e a economia dia-a-dia?
O que acontece é que
esses trabalhadores são muitas vezes ignorados, se tornando invisíveis pelo
resto do ano. Justamente eles que são cheios de criatividade e garra, condições
que os deixam com um potencial enorme de “girar” uma economia que proporciona
cultura à população. É chegada a hora de incluir esses trabalhadores, seus
exclusivos e valorosos bens e serviços criativos, no cotidiano das cidades.
Afinal, o ano no
Brasil não começa depois do Carnaval?
Muito bom seu ponto de vista, porém quem financia a folia somos nós, pagadores de impostos. Em um país onde o dólar cresce a cada dia mais, moeda enfraquecida, saúde pública um caos e o congresso, nem preciso falar, cheio de corvos sedentos!
ResponderExcluirAté que ponto o carnaval é relevante e necessário?