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quarta-feira, 23 de julho de 2014

Ao Ruben, com carinho!




A sofrida educação brasileira deu adeus nos últimos dias a um importante batalhador: professor Ruben Alves. O blog “Educação & Trabalho” faz uma singela homenagem a este importante educador que dialogou de forma tão amorosa com todos os que lutam por uma educação melhor. Tenho o prazer de ter nascido em Campinas, cidade que Ruben escolheu para a vida, e mais ainda: de ser seu vizinho, no bairro Guanabara. Obrigado professor pela sua vida. Trago para vocês um trecho de sua obra, que faz muito sentido àqueles que veem a educação como ação transformadora.






"Milho de pipoca que não passa pelo fogo continua a ser milho para sempre."


Assim acontece com a gente. As grandes transformações acontecem quando passamos pelo fogo.
Quem não passa pelo fogo, fica do mesmo jeito a vida inteira. São pessoas de uma mesmice e uma dureza assombrosa. Só que elas não percebem e acham que seu jeito de ser é o melhor jeito de ser.
Mas, de repente, vem o fogo. O fogo é quando a vida nos lança numa situação que nunca imaginamos: a dor. Pode ser fogo de fora: perder um amor, perder um filho, o pai, a mãe, perder o emprego ou ficar pobre. Pode ser fogo de dentro: pânico, medo, ansiedade, depressão ou sofrimento, cujas causas ignoramos. Há sempre o recurso do remédio: apagar o fogo! Sem fogo o sofrimento diminui. Com isso, a possibilidade da grande transformação também.


Imagino que a pobre pipoca, fechada dentro da panela, lá dentro cada vez mais  quente, pensa que sua hora chegou: vai morrer. Dentro de sua casca dura, fechada em si mesma, ela não pode imaginar um destino diferente para si. Não pode imaginar a transformação que está sendo preparada para ela. A pipoca não imagina aquilo de que ela é capaz. Aí, sem  aviso prévio, pelo poder do fogo a grande transformação acontece: BUM! E ela aparece como uma outra coisa completamente diferente, algo que ela mesma nunca havia sonhado.


Bom, mas ainda temos o piruá, que é o milho de pipoca que se recusa a estourar. São como aquelas  pessoas que, por mais que o fogo esquente, se recusam a mudar. Elas acham que não pode existir coisa mais maravilhosa do que o jeito delas serem. A presunção e o medo são a dura casca do milho que não estoura. No  entanto, o destino delas é triste, já que ficarão duras, a vida inteira. Não vão se transformar na flor branca, macia e nutritiva. Não vão dar alegria para ninguém.


Extraído do livro "O amor que acende a lua", de Ruben Alves.

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