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quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Um novo destino

Foi sempre marcante, na história da educação e do trabalho, a rejeição à formação técnica. A sociedade brasileira sempre associou o diploma universitário às melhores oportunidades de emprego, à ascensão ou mesmo a manutenção do status social. Segundo o Censo da Educação Superior do INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), menos de 15% dos jovens brasileiros entre 18 e 24 anos chegam às universidades. Esse número já foi bem pior e aumentou em razão boa parte das políticas públicas de acesso ao ensino superior – principalmente privado – que deram a uma nova classe média condições para brigar por vagas na academia.

Evidentemente, o ensino fundamental e, sobretudo o ensino médio, têm seus currículos desenhados para levar os alunos até os cursos de nível superior, limitando o contato destes às outras variadas possibilidades de trabalho. Diversos setores da economia demandam cada vez mais profissionais técnicos. E em muitos casos , a remuneração de um técnico supera a oferecida a algumas ocupações de nível superior no Brasil. Conforme afirma Anna Beatriz Waehneldt, diretora de Educação Profissional do Senac Nacional ao Jornal Estado de S. Paulo:
"As ocupações técnicas empregam mais e apresentam bons salários. E os jovens têm a chance de ingressar cedo no mercado de trabalho e custear novos estudos".

Segundo o mesmo jornal, estudos revelam que os ganhos salariais após cursos de educação profissional são de 1,4% a 12% para formação inicial, de acordo com as áreas; em torno de 14% para cursos técnicos de nível médio e de 24% para tecnólogos.
Ou seja: aqueles que não conseguem ir para o ensino superior – os excluídos do grupo de 15% - não encontram possibilidades de inserção no mercado de trabalho, o que reforça a importância da oferta de ensino técnico a esta grande maioria de jovens brasileiros.
Mas bons ventos sopram a favor. Segundo o Jornal Estado de S. Paulo em entrevista com Marcelo Neri, presidente do Instituto de Pesquisa Economica Aplicada – IPEA :

“...em 2004 a participação dos jovens entre 15 e 17 anos era de apenas 3% nas seis maiores regiões metropolitanas do País. Hoje, já é de 7,6%. É o que chamamos de onda jovem, estimulada por políticas de ensino estaduais e iniciativas do setor privado, o que antecede o Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego) do governo federal".

Sem dúvida, ao possibilitar o acesso das pessoas ao ensino técnico, o Brasil estará dando um salto em termos de desenvolvimento econômico e social, promovendo a inclusão de milhares de jovens num mundo do trabalho diversificado e promissor.
Não se trata aqui de defender uma educação profissional dual para o Brasil, pautada na divisão operário/ patrão, características do passado. Para se evitar cair na mesma condição, defendo uma educação profissional de qualidade, crítica, que se coloca a disposição de milhares de pessoas que não possuem qualificação profissional alguma e vêem suas chances de inserção laboral reduzidas ou nulas. Sem pertencer ao mundo do trabalho, não terão condições mínimas de, através de uma educação profissional transformadora, mudar o próprio destino.

Um comentário:

  1. Rodrigo, perfeito seu comentário sobre o curso técnico estar em evidencia no momento, tanto na colocação quanto na remuneração em algumas áreas, e também sobre a importancia das pessoas sem qualificação terem a oportunidade de se capacitarem, melhorando a condição de vida e cultura.

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