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sexta-feira, 9 de março de 2012

"Apagão" de Mão de Obra

Você com certeza já ouviu o termo acima. Muitas pessoas apontam que o Brasil enfrenta um “apagão de mão de obra”, ocasionado principalmente pelo crescimento da economia brasileira. Tornou-se comum afirmar que o país precisa melhor qualificar sua mão de obra, visto que ela é insuficiente à demanda de trabalho atual ou até mesmo inexistente.

É evidente que a educação é um fator importante no mundo do trabalho e que há correlação entre uma economia mais avançada e a demanda por trabalhadores mais escolarizados. Ou seja: afirmar que o Brasil enfrenta um apagão de mão de obra significa dizer que o país não possui trabalhadores escolarizados para ocuparem todos os postos de trabalho gerados pela economia.

Acesse, no link ao lado, o site do DIEESE – Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconomicos – e procure a pesquisa publicada em dezembro/2011,  sob o título “Qualificação e Trabalho: apontamentos para política pública em regiões metropolitanas”. Esta pesquisa sintetiza e apresenta as necessidades de qualificação profissional em sete regiões metropolitanas do Brasil, concluindo que o país NÃO enfrenta um “apagão de mão de obra”. Apresenta sim, dificuldades no recrutamento de determinadas ocupações em setores da economia aquecidos. São necessidades de trabalho bem definidas e localizadas. Realmente é uma pesquisa importante para gestores de políticas públicas, na formulação de programas de qualificação profissional, para que tenham maior assertividade junto à população e ao setor produtivo, conforme exposto no post  “Nem pagando” (leia aqui).


Em muitos setores da economia, o que vemos é uma acirrada concorrência por trabalhadores  (de modo geral, jovens) e como conseqüência, a elevação dos requisitos exigidos para a função. O apagão de mão de obra aqui é utilizado, estrategicamente, como argumento de pressão sobre os trabalhadores, criando assim reserva de mercado altamente qualificada.


De outro lado, na região metropolitana de SP, por exemplo, faltam profissionais nas áreas de confecção, vendas, construção civil (estucadores, pedreiros, pintores, serventes de pedreiro) e restaurante (garçons, atendentes de bares e lanchonetes, cozinheiros).


São funções bem operacionais ou mesmo braçais, que ao longo do desenvolvimento econômico brasileiro foram delegadas às pessoas mais jovens, “fortes fisicamente” e que não tinham acesso ao sistema educacional. Hoje, esta população ao ter maior acesso à educação, não se submete a dispor sua força física como instrumento de trabalho, devido a depreciação histórica do trabalho braçal, deslocando-se a setores cujas funções são mais atrativas socialmente, mas que, no entanto, já contam com enorme reserva de mercado.

Entendo que estes setores carecem de mão de obra. A solução? Bom, a solução o caro leitor pode sugerir a sua.  Eu penso que podemos começar a acender as luzes através de uma educação profissional que mostre a riqueza e o propósito contido no trabalho, o quanto a sociedade depende dele – seja braçal ou não – , seu valor e as possibilidades que podem resultar dele. Quer ver: tente encontrar um bom pedreiro para executar um serviço em sua casa. Quando encontrar, peça a ele apresentar a conta...

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